segunda-feira, 24 de agosto de 2020

01 - ETERNAMENTE YU YU HAKUSHO

CAPÍTULO 01 - UM NOVO COMEÇO

Um breve clarão desponta no horizonte sombrio, anunciando a aproximação de mais uma tempestade de raios que se forma nos céus do obscuro mundo demoníaco.

No Makai, o mundo das trevas, uma gigantesca dimensão habitada por toda sorte de seres espirituais, a luta pela sobrevivência é constante. Outrora devastado por inúmeras guerras entre youkais de uma brutalidade e hostilidade sem fins. Hoje vive tempos de paz. Ainda assim, todos aprendem logo cedo por aqui, que o fraco se sujeita a vontade do mais forte. E neste mundo de demônios, aquele com maior poder e selvageria é aclamado como rei.

Em meio às trevas, um castelo cravado na rocha é visível a quilômetros. Nele habita o ser mais temido e respeitado de todo o Makai. O rei, rodeado por centenas de aliados, apesar de sua alta posição, não os trata com menosprezo. São todos seus amigos e antigos companheiros de batalha.

Surge ao longe a figura de um jovem rapaz, de olhar firme, transparecendo muita coragem, como se em suas veias corresse o desejo ardente pela batalha. Com vestes leves, uma faixa amarrada na testa a impedir que seus cabelos lhe tapem a visão, tatuagem tribal na face esquerda, não obstante a aparência genuinamente humana. Algo em seu modo de olhar lembra bastante o Urameshi. Quem seria semelhante pessoa?

Ele fita o castelo do rei ao longe com olhar de desafio, mas percebe que nas sombras daquele lugar inóspito três criaturas o acompanham e se aproximam cada vez mais. O Jovem os observa como se já lhes adivinhasse a intenção.

Os três param repentinamente sobre uma rocha. Vestem a mesma roupa: uma espécie de quimono preto, com detalhes sobre os ombros. São dois homens e uma mulher. O youkai que está posicionado entre os dois companheiros possui o lado esquerdo do rosto todo marcado, por uma grande cicatriz, ele parece ser o líder. À sua esquerda um homem usa venda nos olhos, e possui uma longa e única trança fina que balança à medida que ele corre. Enquanto à sua direita, segue a guerreira que se destaca pelos pequenos chifres na testa. 

O Youkai com a cicatriz se antecipa e num golpe coordenado com seus aliados, desfere um chute, mas são velozmente contra-atacados pelo jovem, de forma que mal foi possível discernir seus golpes.

– Vocês são muito rápidos! Diz o aventureiro. Mas não chegam, nem perto de ser ameaça para mim.

– É isso o que veremos no próximo ataque. Moleque insolente!

Os três atacantes carregam suas energias e seus youkis se mostram um perigo eminente ao rapaz desconhecido.

– Quer tirar onda carequinha? Não vai amarelar depois, hein!

Ele se prepara para o ataque, mas um rápido movimento, a garota do grupo, some da vista do jovem deixando-o estupefato.

– O que? Surpreende-se o jovem. Que ainda em movimento, é acertado pelas costas, por um chute que o derruba ao chão. 

– Peguei ele! Finaliza o desgraçado Fei Kyo.
– Ok Lia.

Fei Kyo, o de venda nos olhos, atira um grande raio de energia que atinge o jovem em cheio e causa uma grande explosão.

– Acho que exagerei. Diz Fei Kyo.
– Não, ele está só se fazendo de morto. Responde Lia.

Do meio da fumaça, num salto, o rapaz escapa ileso.

– Pensou mesmo que poderia escapar? Surpreende o líder, aparecendo por trás do jovem. Ele desfere um soco, enquanto seu adversário cruza os braços à frente do rosto para tentar se defender. 

– E não é que estes malditos estão mais fortes que da última vez que estive aqui! Pensa o jovem quando é acertado pelo oponente, que vencendo sua defesa, consegue trespassar e o arremessa para trás. Evitando cair deitado ao chão, ele dá um salto mortal durante a queda e cai de pé, enquanto observa seu adversário que paira sobre uma pedra ao lado dos dois aliados.

– Nós vamos acabar com você agora, diz o Youkai que lhe acertou o soco.

Mas em um átimo de segundo, seus dois companheiros são golpeados, de forma que não tiveram tempo algum de reação.

Do alto de uma rocha, o jovem olha para baixo onde Lia e Fei Kyo estão caídos ao chão. – Eu me cansei de brincar com vocês. Ele diz.

– O que? Só fui capaz de sentir sua presença por um instante! Exclama o líder perplexo com o contra-ataque do inimigo. 

– Você vai pagar por isso, miserável! Ele esbraveja, encarando o jovem que continua sobre uma grande estrutura rochosa.

A presença do intruso some novamente, reaparecendo apenas quando ele está a pouco mais de um palmo de distância do adversário, acertando-lhe um soco cruzado com a mão esquerda, que o lança diretamente contra uma montanha.

Enquanto ele murmura, lamentando que a tentativa de derrotar o jovem foi mais uma vez fracassada, o jovem caminha em sua direção:

– Mesmo juntos não conseguimos derrubá-lo. O desgraçado é realmente um monstro.

Caído no chão, ele é erguido pela gola do quimono. Já quase sem forças, o derrotado youkai encara o inimigo enquanto fala por entre os dentes: 

– O que vai fazer maldito?

Sem suportar passar por toda aquela luta todas as vezes que por ali ele se aventura, o jovem diz com ódio notável na voz.

– Tô cansado dessa merda toda vez. Você vai parar ou quer realmente morrer? Interroga o vitorioso desconhecido, quando uma voz se faz ouvir interrompendo o diálogo.

Yahiko não notara a aproximação de um velho senhor de longos cabelos brancos e acaba sendo surpreendido por trás pela abordagem do saudoso conhecido.

– Já chega, Yahiko!
– Kurama! Nem te vi chegando coroa.

A passagem do tempo alterara drasticamente a figura outrora frágil de Kurama, de forma que ele mais se parece com a figura da raposa lendária Youko do que com Shuichi Minamino. Os cabelos, ainda longos, agora são quase totalmente brancos. Seu traje, longe de parecer com os tradicionais uniformes colegiais, agora é somente um roupão muito semelhante ao de Youko.

– Claro que não. Estava ocupado demais arrumando briga por aqui. Com todo este exagero, vocês vão acabar se matando um dia. 

– Que nada, se o Kizumaru vive me provocando é porque eles aguentam. Rebate Yahiko.

– E então, o que veio fazer aqui? Pergunta a antiga raposa.
– Vim para ver o velho. Ele já está com a bunda murcha? Debocha Yahiko. 

– Nem perto disto, não sei por que você nos trata como anciões. Responde Kurama com seu tom sóbrio de sempre.

– Ora, vocês viveram por séculos, já deveriam estar num museu.

Continuando seu caminho pelo pátio do castelo, o jovem garoto acompanhado por um Youko visivelmente mais velho e tão mais maduro é guiado em direção ao salão do rei. Inúmeros Youkais treinam ao redor.

Um jovem surge, e caminha na direção dos dois brincando com um Ioio em suas mãos.

– E aí Yahiko, beleza?
– Tudo em cima, Rinku.

Finalmente eles chegam aos pés de uma enorme torre, outrora habitada por Raizen. Ao que tudo indica, o atual rei reside no mesmo local.

– Ele vai ficar feliz em vê-lo. Comenta displicentemente Kurama. Só não vá irritá-lo, ok? Deu muito trabalho separar a briga de vocês dois da última vez.

Pouco depois, diante de uma grande porta dupla, ele afirma:
– Chegamos. Finaliza Kurama.

As portas são abertas por Yahiko e um poderoso trovão rasga os céus quando ele adentra no covil da secular criatura. O trono está vazio, e por um segundo ele sente uma presença selvagem e aterradora atrás de si. Um calafrio lhe desce pela espinha quando exclama:

– YUSUKE! Caraca mano, que susto dos infernos!
– Ha Ha.Ha Ha Ha .

O velho senhor sorri galhofeiro. Marcas tribais em seu corpo dividem espaço com cicatrizes de antigas batalhas, a maior delas, um profundo rasgo em seu peito, ainda dói toda vez que ele se lembra do dia em que ela foi marcada. Longos e volumosos cabelos lhe caem nas costas. 

De repente uma forte dor é sentida e lhe faz pressionar a cicatriz ao se sentir ofegante.
– É aquela dor de novo. Diz Urameshi, já recobrado.

Percebendo a situação, Kurama pensa consigo:
– Mesmo depois de tanto tempo, ainda parece afetá-lo.

Passada tamanha dor, Yusuke esboça um sorriso ao dizer:
– He, maldito Kuwabara.

Adentrando mais profundamente a sala, enquanto volta-se para seu trono, à atenção de Yusuke se atém a Yahiko quando o mesmo grita:

– Vá assustar a sua avó. Eu juro que ainda te mato! Replica um Yahiko ainda assustado com o súbito aparecimento de Yusuke às suas costas. 

Antes de sentar-se, Yusuke olha para trás como se lembrasse de algo. Mas em tom de desafio Yahiko questiona:

– Tss, que foi?

– Nada. Responde o rei, enquanto pensa consigo mesmo: “Às vezes suas atitudes lembram a mim mesmo quando ainda era jovem.”

O rei, todo pomposamente sentado pergunta:
– E então moleque, por que voltou? Tá querendo levar outra surra?

Ao que Yahiko responde:
– Eu não vim lutar desta vez, apenas ver como você estava. 

– Eu ainda não morri, se é o que quer saber. Na certa, veio me encher o saco como da outra vez, esperando que eu te conte mais histórias.

– Eu já conheço toda a sua história Yusuke.

– Toda não. Você não sabe nem da metade. Só lhe contei sobre meus primeiros anos como detetive sobrenatural e sobre como o Enki se tornou rei.

Kurama sorri com o comentário enquanto Yahiko, sentado no chão de pernas cruzadas responde.

– É verdade, eu ainda não sei como um desocupado como você chegou até aqui: No trono de rei no Mundo das Trevas.

– Ha ha, eu já sabia. Mas tudo bem. Desde que você fique calado, eu posso continuar de onde paramos da última vez. 

Envolto em recordações ele diz: 

– Quer saber? Se houvesse um tempo para o qual eu pudesse voltar, seria aquele. Bem, então presta atenção, pois essa é a parte da história que você ainda não conhece ...


Nossa história começa pouco tempo depois de Yusuke retornar do torneio que decidiu o novo rei do mundo das trevas. Agora é Enki quem possui o título de primeiro rei do Makai unificado. E apesar da desaprovação do mundo espiritual em manter um Yokai tão poderoso na terra, eles sentiram que a resolução das coisas se deveu a ele e permitiram a Yusuke Urameshi levar seus dias de maneira pacata no Ningenkai. 

Yusuke agora dirige junto à Keiko uma tradicional barraquinha de ramen à beira de um centro de compras. Umas poucas mesas são organizadas de maneira singela à frente do estabelecimento, onde Urameshi prepara algumas refeições. Essa era com certeza uma vida tediosa à qual ele já não estava mais acostumado. 

Inesperadamente, ele recebe uma visita em seu restaurante, e enquanto prepara alguns condimentos na cozinha, ouve a voz de Keiko que lhe avisa com um grito de felicidade:

– Yusuke, olha só quem está aqui!
– Quem? Responde ele, virando-se e apoiando seus braços sobre o balcão.

– Kurama!

– Oi! Cumprimenta aquele que entre os humanos é conhecido como Minamino.
– Há quanto tempo!

– Creio que desde o seu casamento. Vejo que os negócios estão indo bem.

– Sim, dá pra quebrar o galho. Responde Urameshi. E você, ainda trabalhando na empresa do seu padrasto?

– Estou sim, mas me diga Yusuke... Como está sendo para você, viver longe de confusão?

– Não estou saltando de alegria, mas pelo menos estou conseguindo fazer a Keiko feliz. 

Falando mais baixo, como se lhe contasse um segredo, Yusuke diz:

– Cara, pensei que eu ia ganhar a maior grana resolvendo casos agora que a barreira não existe mais e tem um monte de Youkais por aí, mas são todos pacíficos. Desse jeito não tenho desculpa pra socar ninguém.

– Ha Ha, Kurama sorri. Imagino que esteja sofrendo bastante, ainda mais agora que o Kuwabara ficou com toda a ação.

– Pois é, o Reikai me tirou da jogada. O paspalhão agora que é o detetive sobrenatural.

Com um olhar sereno, Kurama explica:

– O Koenma ainda enfrenta muita resistência do alto escalão do mundo espiritual. Ficaram cismados em manter um Youkai tão poderoso no cargo, apesar de sentirem que a resolução das coisas no Makai se deveu a você.

– São um bando de ingratos, isso sim. Diz Yusuke com raiva.

– Esse clima tenso ainda é justificável, vai levar um bom tempo para que os humanos entendam que os Youkais não são uma ameaça. Com a retirada da barreira e o estreitamento dos laços entre Enki e Koenma, cada vez mais youkais pacíficos têm vindo a este mundo. Mas do mesmo modo, há alguns youkais pouco inteligentes que não respeitam as leis impostas por Enki e estão dispostos a causar problemas aos seres humanos. Estes não têm noção do perigo e têm dado bastante trabalho ao Kuwabara. Na certa, ele deve estar por aí caçando algum neste momento. 

– Ele ficou de passar aqui mais tarde. A gente vai dar um pulinho lá no templo. A Yukina está morando lá agora.

Distraído com a boa conversa com Kurama, Yusuke não percebe um cheiro estranho no ar. E quando o nota, já é tarde demais.

– Queimou!
– Ha Ha Ha. Sorri Kurama descontraído.

Assim como Kurama havia imaginado, do outro lado da cidade, Kuwabara está desesperadamente correndo atrás de um suspeito de assassinato pelas vielas e becos que existem entre os diversos prédios e edifícios do centro. Muito ágil, o suspeito consegue deixar Kazuma para trás, e quando ele finalmente o avista, notamos que se trata nada mais nada menos do que Kaname Hagiri - o Snyper. 

Kuwabara grita já cansando de correr:
– Espera aí maldito!

– Ei, eu conheço este cara! Pensei que o assassino do sr. Takezawa fosse algum youkai e não um humano.

Neste momento, Hagiri se vira para trás e abre suas mãos disparando com imensa precisão e maestria diversas dados contra Kazuma, que neste momento tenta se proteger com sua principal arma.

– Leiken! Ele grita.

Os ataques são extremamente rápidos e cortam o ar como se fossem projéteis de uma arma. Com a Lei-ken mais forte do que nunca, ele golpeia sucessivamente todos os ataques mesmo que sem jeito, fazendo com que os dados se desintegrem no ar ao entrarem em contato com as energias da espada. 

No último instante, Kuwabara sente através de sua percepção extra-sensorial, que mais um dado havia sido disparado contra ele e que nessa havia uma espécie de encanto. Com grande precisão, Kazuma balança seu corpo e evita o ataque. O dado atinge a parede lateral do beco e um símbolo estranho se forma instantaneamente. Logo em seguida, diversos objetos espalhados pelo chão começam a se lançar misteriosamente contra o alvo na parede. Com um olhar sério, Kuwabara percebe que o Snyper havia fugido.

– O desgraçado sumiu! 

Pouco depois, um tanto quanto longe dali, Hagiri ainda corre em fuga pelos becos. E enquanto se apressa, ele pensa, admirado sobre seu oponente:

– Acho que o despistei. Não vai ser capaz de me alcançar agora. 

Porém Hagiri jamais poderia imaginar o que iria acontecer. Repentinamente ele se assusta ao ouvir um grito ecoar ao longe e tão perto ao mesmo tempo:

– Jigen Tou – Espada Dimensional!!!!

Rapidamente, um clarão rasga o véu da realidade, e o atinge de raspão no peito, causando um grave ferimento e nocauteando-o instantaneamente. Da fenda de um brilho esverdeado que ilumina o beco, surge Kuwabara, atravessando o portal dimensional que acabou de criar com o golpe de sua espada. Também cansado, más aliviado agora, ele respira profundamente enquanto o rasgo no tempo e espaço começa a se fechar lentamente.

– Te peguei. Ninguém escapa do homem mais forte do mundo.

Com Sniper caído ao chão, Kazuma saca seu comunicador especial para chamar o Mundo Espiritual.

– Koenma, eu terminei aqui. O cara tá ferido, mas não vai morrer. O assassino não era um youkai... O maldito é um dos antigos aliados de sensui. Manda seu pessoal vir buscá-lo, pois eu estou dando o fora daqui.

Com a velha expressão preocupada de quem está envolvido em um caso importantíssimo, Koenma lhe responde.

– Entendido meu rapaz.

Kuwabara ajeita a gola de sua roupa quando deixa o local, enquanto atrás dele, agentes da SDF (a tropa de elite do Reikai) tomam conta de Hagiri.

No mundo espiritual, Koenma desliga a tela do comunicador e à sua frente, de pé, estão Botan e Ayame sua secretária, que conferem alguns documentos em suas mãos. Botan sorri e vai logo dizendo:

– O kuwabara está se saindo um ótimo detetive sobrenatural.

– Tenho de admitir, ele realmente está mostrando mais serviço que o Yusuke quando começou. Responde Koenma enquanto Botan pergunta:

– É verdade que o senhor Enma vai retornar ao comando essa semana?

– É sim. A burocracia por aqui é complicada. Mesmo após as coisas terríveis que meu pai cometeu, ele recorreu. E enquanto tudo não for minuciosamente investigado e levado a julgamento, ele ainda terá algum poder.

Um estrondo então assusta Koenma que vira-se bruscamente para o lado e vê Jorge Saotome, o demônio azul com tanguinha de tigrinho, com balões na mão direita, soprando uma língua de sogra e um bolo na mão direita.

– O que é isso estrupício?
– Festinha pro retorno do senhor Enma.

Mas acertando-lhe um soco na cabeça e atirando-o ao chão, Koenma lhe repreende.

– Ninguém vai fazer festa pra corrupto aqui não, tá me entendendo seu trapizomba!

– Desculpa chefinho. Diz um arrependido assistente, quando Botan nota que Ayame parece perceber algo estranho nos documentos que estão em suas mãos e entrega a Koenma um dos papéis que estava com ela.

– Senhor Koenma, veja isto! 

Sem entender direito do que se trata ele começa a ler e quando finalmente percebe o que está por vir ele se levanta assustado e dizendo repetidamente:

– Não é possível! Justo agora!

Koenma deixa escorrer lágrimas, enquanto seus olhos passam uma profunda tristeza. Botan parece confusa com as atitudes de seu patrão e questiona:

– O que está acontecendo?

Mas ao ler o conteúdo do documento, Botan também começa a chorar desesperadamente. Apenas Ayame parece manter a compostura nessa situação. E Koenma finaliza sua preocupação:

– Pobre Kuwabara.

Mais tarde, e tão longe dali, Yusuke Urameshi caminha sozinho sobre a relva verde da floresta, ouvindo o canto agradável dos pássaros e seguindo em direção ao túmulo da velha mestra Genkai que fica próximo ao templo onde ela viveu durante tantos anos. 

Sobe a velha escadaria que tantas vezes subiu para ver a mestra. Quase num suspiro ele diz baixinho para si mesmo, observando a lápide:

– Sinto sua falta velhinha.

Yusuke fica ali por alguns minutos, pensando consigo mesmo sobre diversas coisas e aproveitando a paz transmitida por aquele lugar. Até que repentinamente ele escuta o som de um galho sendo pisado por alguém e nota que a presença vinha por trás dele e virando-se abruptamente para saber quem é percebe que se trata de um rosto conhecido.

– Kuroko! Você por aqui!

– Olá Yusuke, não tive a oportunidade de vir visitá-la antes. Foram vocês que trouxeram seu túmulo para cá? Questiona Kuroko com um sorriso no rosto, enquanto ascende um incenso.

– Sim, ela cuidou desse templo por tantos anos... está conectada a este lugar.

Como quem deseja mudar de assunto, Yusuke emenda não dando espaço para comentários.

– Fazia tempo que a gente não se via. Como estão aqueles diabinhos?

– Cresceram bastante. Você não os reconheceria. Mas e você Yusuke, como está? Notei de longe que parece triste. E pelo tempo que já se passou desde a morte dela, não creio que seja por genkai.

Yusuke com um sorriso no rosto, impressiona-se com a percepção espiritual de Kuroko.
– Você não dorme no ponto mesmo hein. 

E com um olhar de tristeza ele esclarece a situação.

– Sinto falta da velha mestra, mas realmente não é por isso. Acho que estou entediado dessa vida pacata. E isso me faz ficar irritado a toda hora e por qualquer motivo.

A ex detetive sobrenatural debocha de Yusuke dizendo:
– Pensei que você fosse assim o tempo todo.

O filho de Raizen reclama e em seguida se explica:

– Tá me tirando, é? Já vi que camarão que fica parado a onda leva. Não dá pra dar liberdade que já vai logo abusando. 

– Não é disso que tô falando, é algo diferente. Meu sangue tá fervendo atoa. as vezes, acho que vou perder o controle. Tem algo dentro de mim querendo sair.

– Algo relacionado ao sangue mazoku? questiona Kuroko.
– É, pode ser que sim.

– Não se preocupe. quando isso acontecer novamente, basta manter a calma e não se esquecer de quem você realmente é. 

Kuroko expressa um sorriso gentil e Yusuke em resposta também sorri.

– Olha, até pareceu a velhinha falando agora. Valeu, vou tentar me lembrar do que você disse.

Logo em seguida um estranho barulho entre as árvores é ouvido por ambos, o que interrompe a conversa. Assustados, eles percebem a inesperada chegada de Hiei ao local. Muito ferido e quase sem forças, ele apenas consegue dizer poucas palavras antes de tombar no solo:

– Yusuke seu desgraçado, então era aqui que você estava...

Fim do episódio.
Eu não conheci o outro mundo por querer!
Essa noite o tempo passa devagar ....


#Gall 🙏

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