quarta-feira, 18 de setembro de 2024

22 - ETERNAMENTE YU YU HAKUSHO

EPS – 22 MARCHA DA DESTRUIÇÃO

Na vasta e desolada paisagem que cerca a vila Mazoku, onde rochas se erguem como sentinelas sombrias, a rápida e desenfreada troca de golpes entre Takuma e Yusuke já havia começado, marcando o solo com inúmeras crateras e destroços e forçando suas habilidades ao limite numa turbulenta espiral de destruição.

Eles haviam deixado o vilarejo a pouco, e chegado até ali devido a sua rápida movimentação. A aura carmesim de Takuma era poderosa o suficiente para fazer frente ao brilho dourado que começava sutilmente a se manifestar no também avermelhado, youki de Urameshi.

O robusto Mazoku era tremendamente ágil e avançava contra Yusuke com a ferocidade de um predador. E tal qual as criaturas que regularmente o acompanham, Takuma também agia como um animal feroz durante suas investidas. Inclusive, a mais recente delas se deu como o selvagem ataque de um leão.

Yusuke foi agarrado pelas vestes e empurrado contra as rochas que se despedaçaram em sequência, da mesma maneira como ocorreu quando enfrentou Raizen anos atrás pela última vez. Até que a certa altura, quando se chocaram contra um imenso rochedo, o rosto furioso de seu adversário por um instante o aterrorizou. Já não era mais sereno como antes, e sim, indomado como boa parte dos Mazoku tende a ser.

Segurando a parte superior de seu traje com a mão esquerda, Takuma tentou lhe aplicar uma pesada patada com a outra mão. Mas ao desvencilhar-se erguendo seu antebraço e esquivando-se habilmente para a sua direita, Yusuke escapou por um fio do monumental impacto que desintegrou a grande rocha, tornando-a apenas poeira rente ao chão.

Logo após isso, uma espessa nuvem de areia se elevou da fragmentada rocha e pairou pelo local por um bom tempo, obscurecendo assim todo o seu campo de visão, o que possibilitou a Urameshi utilizar isto a seu favor, ao tentar com grande esforço ocultar sua energia e desaparecer.

Mas no estado em que estava, foi muito difícil para ele suprimir a sua força, visto que enfrentava não só uma dura batalha mental e interna consigo mesmo, como também, vinha suportando a dor física que ela estava lhe causando. No entanto, aos trancos e barrancos ele conseguiu. Equilibrou por alguns instantes a dor terrível e o poder dentro de si para esconder-se na cortina de poeira.

Ainda assim, isto não foi muito útil para enfrentar seu oponente. Pois Takuma era um experiente caçador, cujos sentidos aguçados lhe permitiram rastrear com facilidade o seu adversário, de tal modo que o cheiro de Yusuke lhe deixava uma trilha clara no ar.

No entanto, Takuma teve que se esforçar muito para executar uma repentina esquiva, de modo a escapar de um pequeno leigun que riscou o ar a sua frente como um furioso raio antes de desaparecer na nebulosa escuridão.

Sentindo que havia escapado por pouco ele disse:

– Isso foi muito perspicaz garoto, mas também imprudente. Em vez de me atacar, você deveria estar tentando fugir daqui.

Quando os olhos de Takuma finalmente identificaram Yusuke mesmo através da espessa nuvem de partículas, ele já vinha furiosamente em sua direção. Takuma então avançou muito rapidamente e num salto, foi de encontro ao seu inimigo, reiniciando com ele o combate.

A fulminante troca de golpes varreu a poeira através da criação de poderosas rajadas de vento, até que o mais poderoso golpe dos dois se chocou, colidindo numa explosão de energias que os empurrou para trás em opostas direções.

Após alguns instantes de calmaria, Takuma foi o primeiro a avançar. A essa altura, ele estava completamente focado em sua luta contra Urameshi, que apesar de ferido, também não estava disposto a desistir. Takuma, por sua vez, demonstrava um controle excepcional de suas habilidades, o que fazia com que o confronto entre os dois se provasse árduo e imprevisível.

Quando a troca de golpes atingiu mais uma vez o ápice de sua intensidade, Yusuke teve uma ideia repentina e cessou subitamente os seus ataques, recuando em um movimento brusco que se deu como um salto para trás, afastando-se de seu adversário. O que deixou Takuma surpreso e cauteloso, fazendo com que o mesmo o observasse por um tempo com atenção.

Urameshi então, enfiou sua mão direita em sua algibeira e começou a fazer movimentos estranhos e exagerados, agitando os quadris, enquanto procurava por alguma coisa que parecia estar escondida bem lá no fundo do seu bolso.

Pensando consigo mesmo, Takuma questionou:
– O que ele está procurando? Devo agir?

Até que Yusuke lhe diz de repente:
– Tá aqui! Finalmente eu encontrei!

E retira rapidamente sua mão do bolso apontando-lhe o dedo e disparando um gigantesco leigun em sua direção. Takuma quase é pego de surpresa pela colossal esfera de energia que passa ao seu lado e chega a suar frio quando a mesma explode a centenas de metros dali.

E após alguns breves instantes de tensão, eles aparentemente haviam chegado naquele momento a uma pausa não combinada, onde Takuma consigo mesmo pensou:

– O garoto possui uma chama interior tremenda. Uma força que poucos possuem. Não há dúvidas: Após todos estes anos eu finalmente encontrei um rival à minha altura.

Admirado com a postura de seu oponente, Takuma o analisou com frieza enquanto o mesmo manifestava a cada segundo que se passava, muito mais energia.

Urameshi também olhou fixamente para Takuma, sentindo o peso opressor de sua espantosa energia pesar sobre seus ombros quando o mesmo passou a manifestá-la em contraposição. Em meio aos seus tumultuados pensamentos, repletos de preocupações e dúvidas, Urameshi se questionou quanto às suas atuais condições.

Ele já não sabia dizer se realmente seria capaz de enfrentar seu inimigo e sair vitorioso dessa. De todo modo, a essa altura, recuar já não estava mais em seus planos. Isso não era do seu feitio. Então mesmo carregando o peso do mundo em suas costas, Yusuke não iria permitir que nada o impedisse de enfrentar essa batalha.

Rompendo o tenso silêncio que se formou entre os dois, Yusuke o provocou dizendo:

– O que foi? Por que parou e não me ataca? Vai ficar só me olhando? Já amarelou, ô grandão?

Ignorando-o, no entanto, Takuma manteve-se em uma postura calma, firme e confiante. Seus olhos transmitiam serenidade, ao mesmo tempo em que refletiam sua determinação e até mesmo, uma pitada de desafio. Como se ele não tivesse nenhuma pressa de reiniciar este combate, visto que estava pronto para provar sua superioridade no momento em que fosse atacado.

Pois como vimos, havia também em seu interior uma certa turbulência, uma terrível luta contra sua verdadeira natureza selvagem. De maneira que seu demasiado autocontrole nos momentos de calmaria, apenas transpareciam o quanto ele regularmente se segurava.

Após ponderar consigo mesmo, ele educadamente falou:

– Desculpe. Eu estava apenas distraído aqui pensando no quanto você é diferente das pessoas que eu já enfrentei. É desbocado e está exalando uma fúria avassaladora, mas parece não carregar nenhuma maldade no coração. Na verdade, a aura que você transmite é completamente diferente de tudo o que eu já vi.

– Que papo estranho é esse agora, meu irmão? O que isso quer dizer?

– Não quer dizer nada, eu apenas esperava uma outra coisa. Escute, eu consigo ver o quanto está sofrendo. O seu tempo está se esgotando garoto, e talvez ainda possamos evitar este conflito. Basta vir comigo sem gerar resistência.

Dando alguns passos vagarosos ao redor de Urameshi, Takuma prossegue o que dizia com firmeza e uma certa agressividade na voz:

– Você poderia ter evitado tudo o que aconteceu até agora se tivesse vindo de bom grado desde o início. Se tivesse aceitado o seu destino e aberto aquelas portas para nós. Venha comigo garoto e se submeta, assim, todas aquelas vidas serão poupadas. O que é a sua alma condenada se comparada à vida de todos eles? Apenas um pequeno sacrifício. Porque não está disposto a fazê-lo?

Furiosamente revoltado ao vê-lo apontar para o vilarejo, Yusuke lhe contrapõe dizendo:

– Tá de brincadeira comigo? Você tá me zoando é? Faz ideia de quantas pessoas morreram no meu mundo pelo desejo insano de vocês? Acha que eu vou deixar isso de graça? Além disso, olhe ao seu redor ô babaca, veja toda essa destruição! Quem está fazendo tudo isso aqui são vocês! As pessoas que estão morrendo neste momento, são do seu próprio clã! Se quisesse realmente salvá-los, não estaria promovendo essa matança.

Demonstrando repentinamente certo remorso após Yusuke citar a destruição de seu clã, Takuma com seriedade lhe diz:

– Por mais que me doa ferir os meus irmãos de clã, não existe outro caminho, eles jamais o entregariam. E para todos os fins, estamos em lados opostos nessa batalha.

Indignado, mas ciente de que essa seria a sua resposta, Yusuke rebateu:

– Alguns deles tiveram o disparate de me dizer que ao seu modo, vocês também estavam lutando para salvá-los. Que apesar da diferença de opiniões que há entre vocês, o seu objetivo também era proteger o futuro do seu clã. Mas tristemente essa não é a verdade. O objetivo de vocês é outro, não é mesmo? E por isto, vocês estão destruindo tudo por aqui, do mesmo modo que fizeram com o meu mundo antes.

Com um olhar marcante, capaz de lhe penetrar a alma, Yusuke continuou:

– Quer saber, vocês são a pior escória que existe. Não passam de youkais medíocres, demônios obcecados unicamente por poder! Do tipo que são capazes de passar por cima de tudo para obterem aquilo que desejam. Eu já enfrentei pessoas assim. Então, não tenha dúvidas de que eu vou acabar com cada um de vocês.

Takuma serenamente fecha seus olhos, como se lidasse com o pesar e parece nitidamente tocado por suas palavras, inclusive, demonstrando certo arrependimento ao dizer:

– Talvez você tenha razão. Nenhum deles merecia sofrer …

Mas antes mesmo que completasse essa frase, o Mazoku foi tomado por uma pressão intensa e uma reversão de comportamento imediata e incrível, como se algo muito poderoso se manifestasse dentro da sua cabeça.

Logo em seguida, ele olha para o seu oponente com ódio e lhe diz:

– Mas agora já é tarde demais para voltar atrás. Os demônios nas trevas já estão fora de controle e um novo Asura está para nascer.

Não muito longe dali, no lado oposto da aldeia, onde corre a única fonte natural de água do vilarejo, a situação de Kurama também era tensa. O youkai de cabelos avermelhados corria pelas ruas fugindo de suas perseguidoras, que o caçavam de maneira implacável, agora que o jogo de gato e rato em que estava metido, se inverteu.

A primeira adversária que chega até ele para interceptá-lo é a delicada Sayaka que o enfrentou primeiro, a que possui os traços mais marcantes de uma exímia acrobata. Ela vem pelo alto, gira seu corpo e lança suas pernas contra ele num movimento de parafuso, no entanto, Kurama instintivamente se esquiva mais uma vez, sentindo apenas uma rajada de vento incontestavelmente brusca passar diante dele.

Sayaka então articula e firma suas poderosas pernas no chão para suportar o pouso e logo em seguida, retoma sua postura e se prepara para uma nova investida. Contudo, Kurama se antecipa, avançando até ela primeiro, e tenta aplicar-lhe um golpe direto no coração.

– “Dessa vez não há como escapar!”

É o que diz Kurama antes de ser tomado pela surpresa e por uma frustração avassaladora que comoventemente desfaz a certeza da vitória outrora estampada em sua face.

Pois assim que atinge sua oponente, ele percebe algo estranho, uma vez que não sente ao tocar nela, nenhuma qualidade física da matéria ou textura em suas mãos. Essa Sayaka por sua vez lhe sorri descaradamente, e se torna intangível de repente, bem diante dos seus olhos! Com assombro, Kurama inesperadamente atravessa seu braço pelo corpo dela como se tivesse tentado tocar num fantasma ou no próprio vento.

Estampando um sorriso sagaz pela face que logo se torna uma gargalhada, ela mostra todo o poder de sua habilidade ao simplesmente desaparecer no ar, desfazendo-se como uma névoa fina e cor-de-rosa que começa a se espalhar pelos arredores do local, ocultando completamente a sua presença e energia.

Confuso, Kurama se questiona:

– Eu não acredito, ela simplesmente desapareceu! Deve estar em algum lugar. Para onde foi?

Enquanto corre a vista pelos arredores, ele nota a neblina se tornar cada vez mais espessa e começa a ouvir a voz de Sayaka sendo projetada por todo o ambiente, como um eco, sendo impossível definir sua origem certa.

A voz então lhe diz:

– Eu chamo essa técnica de “Kokoro no kage no shōshitsu – Kukan” (O desaparecimento da sombra da mente - Vazio). E é um dos motivos pelos quais eu lhe disse antes que nenhum dos seus ataques poderá me afetar.

Neste momento e apenas por um instante, Kurama sente a presença de Sayaka num vulto que surge logo à sua frente. Confiando em sua percepção, ele se lança rapidamente em seu rumo, desferindo um golpe horizontal com a faca da sua mão direita. Contudo, ele nada atinge. Kurama então, começa a ser afetado por um ruído constante, irritante e até estridente que se assemelha ao som de um assovio. Este som a princípio, era quase inaudível, mas logo se sobrepõe até mesmo a voz dela, quando volta a lhe dizer:

– Não percebe tolinho? Você não pode me encontrar, encontrar, encontrar ...

Essa última palavra, se repete na mente de Kurama por três vezes, e agora em agonia devido ao som intenso do assovio, ele tenta tapar suas orelhas enquanto momentaneamente perde o equilíbrio. O seu ouvido chega até a sangrar enquanto ela lhe diz:

– Acabou para você. Ele já está aqui!

Neste momento, Kurama sente um poderoso ataque vindo em sua direção, disparado por um atirador oculto posicionado em algum ponto elevado do terreno a dezenas de metros dali. O ataque em questão é um feixe de energia azul muito rápido e intenso que o atinge de raspão, mesmo quando ele se move instintivamente para a direita, a fim de evitá-lo.

Contudo, o que Kurama não esperava era que o ataque subitamente mudaria sua trajetória, tornando a vir em sua direção. Ele então é atingido em cheio e engolido por uma incrível e verdadeiramente brutal explosão que chega a estremecer as redondezas e a arrancar tendas com suas ondas de pressão.

Kurama primeiro some em meio ao clarão, mas não tarda a sair das chamas, arremetendo-se num salto antes de começar a buscar abrigo. Ainda que estivesse com partes de suas roupas queimadas, ele felizmente permanecia bem, sem nenhum grave ferimento.

No entanto, o repentino ataque havia deixado Kurama emocionalmente abalado, pois imediatamente após vê-lo, ele havia reconhecido o padrão daquele feixe de energia. Perplexo, ele pensou consigo mesmo:

– Ela é muito esperta, primeiro tirou minha atenção e equilíbrio com aquele ruído ensurdecedor para proporcionar ao seu atirador oculto uma chance de me atingir. Só que este ataque me deixou intrigado, ele não é semelhante ao da Sayaka que tenta me atingir de longe e não é nada comum. Eu já vi algo muito parecido com isso no passado. Sem dúvida alguma é o mesmo tipo de ataque desferido pelo Shunjun das forças SDF do Reikai! O mesmo tipo de ataque que me feriu mortalmente anos atrás! Mas como isso é possível? Ele não é mais um inimigo, e certamente não está aqui presente nessas profundezas. Ou poderia estar? O que afinal de contas está acontecendo aqui?

Cogitando a possibilidade de ter caído em uma nova emboscada armada pelo Reikai, Kurama primeiro relembrou o evento passado em que as forças SDF orquestraram uma terrível cilada para matá-lo. Na ocasião, como hoje, o Youko havia sido cercado pelos Taijiyas da SDF e foi surpreendido por suas habilidades individuais. Até que fora ferido gravemente por um dos ataques inesperados de Shunjun. Logo que abaixou a sua guarda após se esquivar do feixe de energia, ele retrocedeu e o atingiu. Hoje, estando consideravelmente mais forte, Kurama conseguiu sobreviver sem maiores danos ao mesmo tipo de explosão, mas isso não foi possível naquela época.

Com a recordação do fato, e daquele sentimento de quase morte que viveu outrora e que novamente lhe adveio, incrédulo, Kurama olhou para a sua própria mão e percebeu que estava tremendo!

Abalado pela presença deste misterioso atirador oculto, Kurama logo compreendeu que não devia se tratar de Shunjun, mas sim, de um outro alguém com uma habilidade parecida a que ele utilizou anos atrás para ceifar a vida do Youko. Ele então reúne a coragem de que necessita para voltar a atacar, mas decide fazer isso a partir de agora com a mais significativa cautela e de uma distância segura.

Todavia, ele não tem muito tempo para pensar, pois mais uma vez precisa se esquivar rapidamente de um novo ataque vindo do alto. E como na ocasião anterior, o feixe de energia desvia sua rota e o persegue implacavelmente, testando ao máximo possível a sua habilidade de esquiva. Tudo ocorre muito rápido, Kurama gira seu corpo numa acrobacia no ar e consegue se desvencilhar do ataque, que ao invés dele, destroi uma imensa rocha e algumas construções no processo.

Utilizando desta vez a poeira levantada ao seu favor, Kurama também opta por se esconder entre as barracas e tendas que ainda restavam no povoado.

A Sayaka que se oculta na neblina, começa a aparecer e desaparecer em vários pontos do lugarejo como se fosse um fantasma, procurando-o incessantemente, mas sem sucesso. Até que ela surgiu do nada a apenas alguns metros do seu esconderijo, de costas para ele mas bem na sua frente.

Ela então lhe disse:

– Vamos Kurama, saia para brincar! Eu estou em toda parte. E posso estar aqui …
– … ou, aqui.

Sem notar num primeiro momento que havia outra Sayaka atrás de si, Kurama tomou um imenso susto. Mas paralisado pela surpresa, ou mesmo, devido a sua própria astúcia, ele se manteve completamente imóvel por alguns instantes. E acabou chocado diante do que viu acontecer bem na sua frente, quando Sayaka simplesmente o ignorou e passou caminhando ao seu lado como se não o estivesse vendo ali.

Confuso, ele notou ela se afastar calmamente, retornando a passos vagarosos para o meio da rua até desaparecer. Quando de repente, ouviu mais uma vez a voz dela atrás de si dizendo:

– Hora de morrer gatinho!

Kurama mal teve tempo de reagir quando percebeu que a voz ouvida era de outra Sayaka que surgiu no exato lugar em que a anterior estava. Mas desta vez, não era aquela que se tornara invisível, mas sim, a mais agressiva e que porta as lâminas de energia na extensão de suas mãos. Ela lhe desferiu um inesperado e ágil corte lateral, visando arrancar sua cabeça, mas Kurama se abaixou durante a esquiva e irrompeu até o meio da rua, arrastando seus pés pelo chão para refrear a força do seu próprio movimento.

Irritada, a Sayaka à sua frente lhe disse:
– Tss. Você é tão esguio quanto a minha irmã. Não pode apenas parar quieto e morrer?

– Lamento te decepcionar, mas felizmente, não poderei realizar o seu desejo. Na verdade, já me cansei das suas brincadeiras, e eu não posso perder muito tempo aqui. O Yusuke está perdendo o controle sobre suas energias, então preciso encontrar o senhor Hiroshi o mais rápido possível.

– É mesmo? E o que pensa que você vai fazer se achá-lo? Olhe ao seu redor, as pessoas já estão mortas e parte da vila já está em chamas. Está tudo acabado para vocês. Este é o fim de todos os miseráveis que se opuseram contra nós. Veja por si mesmo, o velho decadente que você procura está bem ali.

Ao olhar pro lado, Kurama testemunhou uma cena tremendamente infeliz, quando viu o velho Hiroshi correndo, acompanhado do ferreiro Tsujimura que já estava gravemente ferido após lutar por suas vidas contra numerosas criaturas.

E apesar de seus esforços para fugir, a voraz e insaciável fera que os perseguia se lançou contra eles num salto e lamentavelmente os despedaçou ali mesmo, bem diante dos seus olhos, deixando Minamino completamente impactado com o ocorrido.


Ignorando os elevados níveis de cortisol que permearam seu corpo neste momento, deixando-o em um estado de terrível stress, e evitando a todo custo entrar em choque com o que viu, Kurama tentou manter a lucidez da sua mente pensando repetindo para si mesmo:

– Não! Não é possível! Isso não pode estar acontecendo! A situação fugiu ao controle. Hiroshi era o líder deste vilarejo e o único capaz de ajudar o Yusuke, a sua proteção deveria ser uma prioridade. Terão todos morrido? Não! Com certeza ainda há alguém. Mas eu preciso agir imediatamente, antes que me torne mais um destes cadáveres estirados pelo chão.

Kurama então, retirou de seu bolso uma pequena semente e disse para si mesmo:

– Essa é a última que eu tenho, usei todas as outras na última batalha. Então não posso falhar!

Neste instante, a mais agressiva Sayaka arregalou seus olhos e sorriu expondo todos os seus dentes demonstrando uma face insana quando se lançou contra ele mais uma vez num fulminante ataque. Mas Kurama se antecipou e arremessou sua semente, que em contato com a pele da garota, criou quase que instantaneamente uma pseudo criatura vegetal parasita muito semelhante à Janen Ju que ele havia usado anos atrás contra o temível Ani Toguro, que está até hoje sofrendo em agonia na caverna Irima.

A voraz criatura vegetal se agarrou ao corpo da desesperada menina, estendendo suas gavinhas e impedindo o avanço de seus movimentos. Ela rapidamente passou a se alimentar de sua energia, usando-a para crescer. Sua estrutura vegetal, anômala e lenhosa, logo formou uma estípite deformada e peculiar, sustentando aquilo que mais poderia ser chamada de uma enorme cabeça.

Por um momento, Kurama comemorou, pois acreditava que venceu, mas numa impressionante reviravolta, a criatura parasita simplesmente começou a se secar e a morrer, desfragmentando-se muito rapidamente em pedaços apodrecidos que foram incapazes de deter sua oponente.

Vendo-o completamente perplexo e confuso, Sayaka limpou o restante dos pedaços da criatura vegetal de seus braços, e de pé sem nenhum dano aparente, lhe disse em tom zombeteiro:

– “A sua cara está impagável. Há há há há há.” Depois, outra continuou:

– “Deveria ter ouvido os meus conselhos. Vocês não têm a menor chance contra nós. Essa vila já está condenada.” Disse a segunda Sayaka, outrora invisível, com uma voz mais suave ao se materializar do nada no local.

Irritado, mas sem perder o ânimo, Kurama tentou retomar o controle da situação dizendo:

– Não, você está errada. Eu ainda não entendi o que aconteceu aqui, mas essa luta ainda não acabou. Eu não vou desistir até que você morra. Até poderia listar outros dois bons motivos que me garantem a sua derrota e a dos seus aliados: Sendo o primeiro deles, o esforço conjunto de todos os moradores daqui. Por um momento confesso que eu oscilei, mas agora com a cabeça no lugar, tenho certeza que boa parte deles ainda está viva e lutando!

Enquanto Kurama dita suas palavras, nossa perspectiva muda para acompanhar o grupo de guerreiros Mazoku que retornou à vila para ajudar na batalha após a caçada, erguendo-se como um raio de esperança em meio ao caos. Movendo-se com agilidade sobre-humana, eles revidaram e confrontaram as feras de frente, canalizando sua energia com furor a cada golpe que foi desferido.

Seus punhos, envolvidos por uma aura vermelha brilhante, deixavam rastros luminosos no ar à medida que atacavam. Mesmo diante da destruição e do desespero, eles se reuniram e lutaram como um só.

E enquanto os recém chegados combatiam as feras com tenacidade, boa parte dos sobreviventes aproveitou a brecha para proteger os moradores mais frágeis do vilarejo, curando seus ferimentos e reanimando os caídos, lutando é claro, a todo custo, para garantir que suas linhas de defesa permanecessem intactas e para que nenhum sacrifício fosse em vão, enquanto Kurama seguia com o que dizia:

– Nos últimos dias eu vi como vocês vivem por aqui. Você bem sabe que este povo sobreviveu por séculos às investidas de criaturas tenebrosas às quais eu sequer posso imaginar. A união entre eles é notável, e não vai ser a traição de vocês o suficiente para derrotá-los.

Neste momento, vemos uma das letais criaturas rugir de cima de uma colina, chamando por diversas outras para uma nova investida, onde a última resistência da vila Mazoku, que reunia dezenas de youkais, seria testada. Mas enquanto as feras avançavam uma vez mais, cada guerreiro que foi tomado pela emoção do combate cerrava os dentes numa mistura de êxtase com alegria enquanto reuniam toda a sua coragem e força para enfrentar a derradeira batalha. Apesar da destruição e das perdas irreparáveis, a chama da esperança ainda ardia nos corações daqueles youkais com uma determinação inabalável.

Mas irritada com o que Kurama lhe disse, Sayaka decidiu lhe contrapor dizendo:

– Não importa quanto tempo isso vai levar. Todos eles vão morrer. E logo chegará a sua vez!

Mas prosseguindo com seu discurso, Kurama afirmou:

– Não, isso não vai acontecer. Pois o tempo de vocês é que terminou. O motivo mais importante que me garante a sua derrota certa, é a presença de uma das entidades mais poderosas de todo o Makai aqui, e ela é nossa aliada. Você não consegue sentir sua energia? Ela retornou.

Num ponto não tão próximo de onde estavam, Hiei vivia um angustiante momento de desvantagem em sua luta contra Hoozen, quando uma figura absurdamente poderosa irrompeu diante de si.

A chegada daquela assustadora youkai em cena foi como a queda de um pequeno meteoro na terra, e devastou boa parte das rochas que havia no lugar, varrendo toda a paisagem. Erguendo-se de maneira imponente em meio a nuvem de poeira, nós finalmente pudemos ver sua face: Tratava-se de Mukuro, a ousada rainha do mundo das trevas, cuja presença era ainda mais ameaçadora e marcante do que a da própria Hoozen.

Vendo-a ali diante de si, Hoozen, que antes exalava sua confiança e temperamento único e impetuoso, se sentiu pela primeira vez na vida completamente suprimida e paralisada. E com o olhar fixo naquela que se colocava como sua nova oponente, não percebeu a repentina chegada de Darla ao local, que sem hesitar nem por um segundo, desferiu um poderoso tapa no rosto de sua adversária, fazendo com que a sua cabeça virasse bruscamente para o lado com o impacto.

Após o estridente estalar de seus dedos contra a face arrogante e insolente daquela mulher desprezível, com uma voz carregada de desafio, Darla exclamou para Hoozen que estava coberta de ódio com a vermelhidão em sua face:

– Chegou a hora da revanche, piranha!

Mas de volta ao local em que Kurama estava cercado, vimos Sayaka tremer ao sentir as energias emanadas por Yusuke, Takuma e agora, por Darla, Mukuro e Hoozen também.

Preocupada com o desenrolar da situação, ela pensou:
– O que diabos está acontecendo por ali? O que é todo este poder que estão liberando?

Ela então se dividiu mais uma vez numa figura muito parecida consigo mesma, e essa nova youkai, logo deixou o local em disparada, rumando em direção ao campo de batalha para verificar o que estava havendo. Kurama notou seus movimentos e até pensou em impedi-la, mas antes mesmo que lhe fosse possível dar o primeiro passo ele tornou a ouvir bem baixinho aquele inquietante ruído semelhante ao som de um assovio que tão cruelmente afetou seu equilíbrio mais cedo.

A primeira Sayaka com quem interagiu, retomou então a palavra dizendo:

– Que besteira foi tudo isso que disse, nem você, nem os seus amigos irão sobreviver a este confronto. Você não conhece a Hoozen, não sabe do que ela é verdadeiramente capaz. Veja por si mesmo o horizonte, nem demorou muito, me parece que um de seus amigos finalmente perdeu!

Olhando com perplexidade em direção a um determinado ponto no céu do vilarejo, Kurama testemunhou em choque o momento em que Darla gritou, agonizando de dor enquanto era elevada a uma tremenda altitude por um acentuado e poderoso “Trovão de Raijin” que foi desferido por Hoozen em retaliação ao tapa que recebeu.

O fenômeno mortal que muito se assemelha a uma descarga elétrica, formou um veio de plasma que se desenhou no céu como regularmente ocorreria a um raio, primeiramente queimando sua pele e em seguida, desintegrando parcialmente a ríspida garota ainda no ar; fazendo com que seus restos fossem engolidos numa imensa bola de fogo antes de cair.

Com grande pesar tomando seus pensamentos, e sem conseguir segurar a fúria pela morte repentina de sua companheira de viagem, Kurama rangeu entre os dentes, como se dissesse para si mesmo:

– Darla, não! Não pode ser.

Mergulhado em profunda tristeza, ele olhou logo em seguida para trás, e percebeu a chegada da terceira e última Sayaka que faltava, a mais atrapalhada, tímida e temerosa, que tentando esconder seus próprios receios ao fitar o olhar de Kurama, que estava sedento por vingança, se posicionou num ponto estratégico do terreno, cercando-o de vez no local. Com delicadeza, ela repousou o punho fechado contra seu próprio peito e desviando de seu olhar penetrante lhe disse:

– Pelo visto, não teremos a oportunidade de nos acertar com a assassina, mas pelo menos você agora sabe o que eu senti ao perder o meu irmão.

Vendo que estava encurralado e que sem outros recursos a sua morte ali podia ser iminente, Kurama tentou desesperadamente encontrar uma nova rota de fuga buscando uma saída com o olhar ao seu redor, mas no alto, percebeu que havia mais alguém ali, no declive do terreno.

Ele então viu seu atirador oculto finalmente surgir e revelar-se por completo. Mas isso deixou Kurama ainda mais estupefato pois agora conseguia vê-lo com total clareza, e a sua identidade já não era mais um segredo: Tratava-se realmente de Shunjun das forças SDF aquele que estava de pé ali, manifestando a sua energia em prontidão para matá-lo!

Tentando pensar antes de agir, Kurama subitamente e meio que sem querer, finalmente percebeu o que está acontecendo:

– Isto não é possível! Eles estão trabalhando juntos? Então nós realmente caímos em algum tipo de armadilha orquestrada por alguém do Reikai? Mas que droga! É muito provável que ele esteja atuando sob as ordens de Enma Daioh. Mas por quê? Se fomos atraídos até os confins do mundo das trevas, é porque eles nos queriam longe. Será que o Ningenkai está em perigo? Não Kurama, acalme-se e coloque a cabeça no lugar. Algo está muito errado por aqui. Onde estão os ferimentos? Apesar dos ataques que evitei. E este maldito ruído, a presença do Shunjun … tudo tem de estar conectado. E só pode haver uma explicação ...

Kurama então foi interrompido por Sayaka, que se mostrou inquieta e agressiva quando disse:

– Finalmente desistiu de viver e já está rezando? Foi em bom momento. Hora de morrer rapaz!

Naquele instante, Kurama foi atacado por todas as garotas juntas ao mesmo tempo, mas esvaziando a sua mente, ele simplesmente se concentrou ao máximo e se manteve imóvel no local, determinado a prosseguir assim até o último instante. E surpreendendo a todos, inclusive as garotas que o atacavam, elas não o atingiram e simplesmente passaram através dele.

Chocadas, as meninas não conseguiram entender o que foi que aconteceu, até que Kurama, ignorando-as totalmente, se virou para o lado esquerdo onde não havia nada no local e disse em voz alta para alguém que aparentemente nem mesmo estava ali:

– Saia de onde quer que esteja escondida Sayaka, eu já descobri o seu truque.

Neste momento, todas as garotas presentes se assustaram e começaram a se desfazer como névoa até desaparecerem completamente quando a verdadeira Sayaka surgiu, sentada numa pedra que estava a apenas alguns metros dali. Ela se mantinha absurdamente calma e até sorridente enquanto aplaudia Kurama categoricamente, parabenizando-o por ter percebido a sua grande ilusão:

– Olha, os meus mais sinceros parabéns. Por um momento pensei que jamais fosse descobrir, mas você conseguiu fazer o impensável. Entregou-se para a morte. Pouquíssimas pessoas já quebraram a minha ilusão, e eu imaginei que ainda fosse exaurir as suas forças mais um pouquinho.

– Eu jamais me entrego. Disse Kurama com firmeza em sua resposta.
– Hum, então não foi por acaso, mas sim, de propósito.

– Desde quando você está aí? Perguntou Kurama com seriedade no olhar.

– Sentada aqui? A pouco tempo. Mas digamos que eu estava te observando lutar contra o nada, à distância, desde o início da batalha. Apesar de ter perdido você de vista algumas vezes. Este truque já enganou muitas pessoas, sabia? Eu tenho a habilidade de criar ilusões vívidas e suficientemente persuasivas para enganar os sentidos e a mente de qualquer um.

Neste momento, Shunjun surge ao seu lado e encara Kurama com ódio em seu olhar. Ela então prossegue com o que dizia:

– Algumas dessas ilusões variam a cada alvo, explorando seus próprios medos, desejos e memórias dolorosas. Eu literalmente posso ler a sua alma, o que me permite perceber emoções, intenções e isso me ajuda a identificar fraquezas e pontos vulneráveis nos meus inimigos. Inclusive, sou capaz de influenciar as emoções daqueles ao meu redor, amplificando sua raiva, seu medo, ou mesmo, motivando-lhes a esperança ou induzindo-os a lutar.

Imediatamente após dizer essas palavras, Sayaka faz um pequeno carinho no rosto de Shunjun que se fez um bom servo, em seguida, ele também desaparece desmanchando-se em névoa. A essa altura, Kurama mal havia percebido o momento em que até parte dos seus ferimentos também começaram a desaparecer, pois faziam parte da ilusão, restando apenas, algumas ranhuras e sujeira sobre suas roupas.

Ele então lhe disse:
– Foi por isso que eu não fui atingido pelos golpes daquelas garotas e tive receios?

– Foi sim. Você é bastante ágil e quase não deu para acompanhar seus movimentos, mas quem diria, dava para perceber que você estava até tremendo. Bom, não se envergonhe, afinal, você lutou contra suas próprias emoções intensificadas, queridinho. Algo que nem mesmo Takuma ou Hoozen foram capazes de perceber. Hoje, por exemplo, os deixei completamente afoitos por sangue.

– O que?! Que desprezível! Então você manipula até mesmo os seus amigos? Agora eu consigo entender melhor. Toda essa destruição e matança contra o seu próprio povo não fazia parte dos planos originais do seu grupo, não é mesmo? Tudo isso foi você! Você fez isso só para vingar a morte do seu irmão.

– Apenas parte do que você disse é verdade. No entanto, por acaso acha isso pouco?! Estes aldeões desgraçados se opuseram a nós e estão ajudando vocês.

– Mas não mereciam morrer. O seu grupo é que tem buscado o conflito.

– Ah, deixe de besteiras, eu realmente os manipulei, mas a verdade é que você não os conhece. Considere que eu apenas os motivei mais um pouquinho. A Hoozen por exemplo, mataria a todos com o maior prazer se tivesse a oportunidade, mesmo sem a minha influência.

– Ainda assim, isso foi perverso. Olhe ao seu redor, todas essas vidas estão na sua conta.

Diz Kurama apontando em direção aos corpos de Hiroshi, Tsujimura e tantos outros no chão.

Mas de maneira presunçosa, Sayaka replicou dizendo:
– Do que você está falando queridinho? Onde pensa que está agora?

Neste momento, Kurama viu todo o ambiente ao seu redor se modificar. E percebeu com espanto e confusão que os corpos ali presentes se tratavam apenas de uma ilusão. Boa parte das chamas e destruição no vilarejo também desapareceram, pois eram igualmente falsos. O que confirmava que ele realmente esteve o tempo inteiro, desferindo seus golpes contra o nada e lutando sozinho. Logo, todo o cenário à sua volta se alterou e Kurama percebeu que a sua situação era ainda mais grave do que parecia. Pois ele na verdade, sequer estava na vila Mazoku já a um bom tempo, mas sim, no meio do nada, em algum ponto do deserto sombrio.

Tentando discernir entre o real e a ilusão, Kurama logo compreendeu e concluiu:

– Bem que eu achei estranho em alguns momentos as dimensões dessa vila. A maldita me enganou direitinho. Mas felizmente, isto quer dizer que Darla ainda pode estar viva!

Deixando claro para seu inimigo que ela era capaz de manipular toda a percepção de mundo ao redor, Sayaka então criou ondulações e distorções em tudo aquilo que ele conseguia ver. E depois, o mergulhou na mais completa escuridão.

– “Maldita, o que estará fazendo agora?” Disse Kurama antes de ser engolido por todo o breu.

Enquanto o desorientado Kurama se perdia na nova e obscura ilusão criada por sua antagonista, noutro ponto do Makai, não muito longe dali, Hoozen, por sua vez passava a mão no avermelhado local em que havia tomado um tapa na cara desferido por Darla momentos atrás. E ponderando sobre sua situação, percebeu que, assim como anteriormente cercaram Hiei na cidade de Julon, ela agora é quem estava encurralada diante do inimigo. A sua situação era extremamente delicada e inquietante.

Irritado pela intromissão das guerreiras à sua frente, Hiei expôs sua insatisfação dizendo:
– O que vieram fazer aqui? Não se metam, essa luta é minha!

Mas comprovando que parte daquilo que Kurama viu acontecer no céu agora a pouco não passava de mera ilusão, visto que apesar de ferida pelo Trovão de Raijin, Darla ainda se encontrava muito bem viva, a garota lhe disse em resposta:

– Olhe ao seu redor Hiei, todos estão se esforçando aqui, essa luta é de todos nós!

Ao que Mukuro com seriedade afirmou:

– Por mais que lutemos os três contra ela, algo me diz que essa psicopata ainda vai achar pouco.

– “Sim, mas depois de darmos uma bela surra nessa cadela, pode ter certeza que cada morador deste vilarejo vai querer lhe tirar um pedacinho também .” Voltou Darla a dizer.

Tudo levava a crer que Hoozen seria espancada ali mesmo pelos três oponentes de peso que se posicionaram ao seu redor. Mas disposta a enfrentá-los cara a cara e com um sádico sorriso no rosto, a exaltada youkai lhes disse:

– Então serão três contra um? Tudo bem. Podem vir que eu aguento!

Logo em seguida, a youkai de cabelos ruivos liberou suas energias e possuída por uma fúria sobrenatural, tornou a entrar em modo berserker. Seu corpo assumiu a forma escultural e avantajada que deixava seus músculos ainda mais aparentes, e neste estado de frenesi, ela se mostrou disposta até mesmo a morrer no processo, contanto que levasse cada um deles consigo para o túmulo.

A batalha que viria a seguir, seria inimaginável.


Fim do episódio.
Eu não conheci o outro mundo por querer!

Eu sei que meu coração, agora dói ...

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