quinta-feira, 13 de abril de 2023

15 - ETERNAMENTE YU YU HAKUSHO

EPS – 15 ENTRE A VIDA E A MORTE

Enquanto Yusuke segue em sua jornada pelo mundo das trevas, Keiko Yukimura chega apressadamente a sua casa em um comum dia de sol, onde poucas nuvens podem ser vistas a se movimentarem pelo céu. Ela, no entanto, parece apreensiva e olha para os dois lados da rua antes mesmo de fechar o portão, como se temesse ser seguida. Lá dentro, Keiko retira seus sapatos com pressa, algo fora de seu costume rotineiro, de modo que um deles até cai virado de lado ao pé da parede.

E no interior do recinto, percebemos que a situação é grave, pois ela estranhamente também tranca a porta de seu quarto com chaves mesmo estando sozinha. Todavia, finalmente desacelera o ritmo frenético em que vinha andando, respira profundamente por alguns segundos e fecha seus olhos enquanto recosta sua cabeça no umbral. Em seguida, caminha vagarosamente até o canto daquele cômodo e pendura sua bolsa no cabideiro, deixando-se cair pela borda da cama de braços abertos. Ela fica parada ali por alguns instantes, deitada, sem motivo aparente, apenas olhando para o teto e deixando o tempo passar.

Pensativa e hesitante, vira seu rosto pra direita e com certo receio, olha fixamente para sua bolsa. Quando finalmente cria coragem de abri-la, levanta-se num pulo, retirando de dentro dela somente um envelope pardo. Keiko se demora mais uma vez com o invólucro em suas mãos, sem fazer nada, até que cuidadosamente o rasga, tirando de seu interior uma pequena folha de papel. Ela, porém, não desdobra o documento que retirou de seu interior, pensando mesmo a essa altura se realmente deveria fazê-lo. Keiko parece temer seu conteúdo e num sussurro diz que gostaria muito que Yusuke estivesse ali ao lado dela.

A senhorita Yukimura então, respira fundo mais uma vez e enchendo-se de coragem, desdobra o pedaço de papel, lendo atentamente seu conteúdo. No instante em que seus olhos percorrem a escrita, seu coração dispara e sua respiração fica subitamente travada como se não lhe coubesse nem mesmo o ar dentro do peito. Seus olhos ainda incrédulos confirmavam aquilo que ela já suspeitava há um certo tempo. E daquele momento em diante, ela apenas fitaria atônita o horizonte pela janela, em silêncio, tentando talvez conectar seus pensamentos aos de Yusuke que se encontrava nos confins do mundo das trevas. Mas tão longe dali, Urameshi nada sabia.

No Makai, neste momento, porém, apenas o desenrolar do combate de Hiei nos era mais atrativo e interessante. Pois em apenas alguns minutos de conflito, o youkai de fogo e o grupo de Mazokus contra quem estava lutando, já haviam destruído substancialmente várias ruas da cidade descomunal conhecida como Julon. E isto era só um preâmbulo da verdadeira devastação que ainda estava por vir. Antecedendo, contudo, este cenário catastrófico, veríamos previamente o reencontro conturbado daqueles que outrora já haviam sido considerados consortes.

Vendo que Darla havia matado friamente Toshio, à traição, e não lhe dando sequer uma chance de escapatória, Yajima se mostra indignado e incrédulo diante daquela que outrora já lhe foi de grande estima. Então lhe pergunta num grito:

– Darla! O que foi que você fez?

Mas de coração acelerado e sem conseguir fitar diretamente seus olhos, ela permanece calada apesar de seus bramidos. Darla então joga o núcleo maligno de Toshio ao chão, abrindo assim espaço para Hoozen que possessa e irritadamente lhe diz:

– Não consegue ver Yajima? Ela renegou ao seu próprio clã e está agindo junto a estes idiotas. Na certa é uma das que se iludiu e acredita ingenuamente que o filho de Raizen aceitará a proposta de Hiroshi.

Ouvindo essas palavras, Darla finalmente haveria de quebrar o gelo, reagindo a réplica de seu distorcido argumento dizendo:

– “Você não entende. Ainda existe esperança para nós!”

Porém, é o próprio Ryuuze Yajima quem mais uma vez intervém dizendo:

– Realmente há, mas não como imagina. Ele nunca aceitará a ridícula proposta de Hiroshi, Darla. Sequer é realmente apto a dominar o estigma.

Com outra fisionomia agora, estendendo sua mão direita para ele e com o punho esquerdo fechado e apoiado com ternura contra o seu próprio peito, Darla lhe diz:

– Não me faça lutar contra você Ryuuze. Eu quero que venha comigo, quero que as coisas entre a gente voltem a ser como eram antes. Ainda há tempo! Você precisa me escutar.

Mas ao observar o sangue de Toshio em suas mãos, ele lhe diz em negativa:
– Ao nos enfrentar, você acabará com a única maneira de tornar tudo isto possível.

– “Do que está falando Yajima? Ficou louco? Essa pequena vagabunda não acabará com absolutamente nada! Encontrará apenas o seu próprio fim.” Afirma Hoozen em tom de desafio. E continua dizendo:

– Você pegou Toshio à traição e num golpe de sorte. Ele não lhe viu chegando, pois teria matado você se tivesse tido a chance. Mas tenha certeza, isso não voltará a acontecer, não comigo.

– É o que veremos Hoozen. Eu não sou mais a mesma garotinha de antes.

– Não, não é mesmo, você me tinha respeito. Mas agora é uma infeliz de nariz empinado que até pensa que tem alguma chance contra alguém como eu. Vai descobrir da pior maneira possível que a minha força não pode ser equiparada.

Hoozen fecha seus punhos com força e continua o que dizia:

– Durante toda a minha vida eu me especializei no combate corpo a corpo, me tornei uma guerreira Mazoku fisicamente perfeita, a mais brutal de que se tem notícias. E inclusive, fui eu quem ensinou tudo aquilo que você sabe sobre a nossa doutrina. Como ousa?

Interrompendo-a com rispidez, Darla em tom de desafio também lhe diz:

– Mas é exatamente isso. Você me ensinou bem demais. E o seu tempo já passou, tá ficando pra titia. Logo, logo vai estar decrépita. Olha só as rugas aí por exemplo, até já estão aparecendo. Agora é a minha vez, da nossa vez, da nova geração. Chega de conversa, e venha me enfrentar!

Diante da afrontosa situação, Hoozen mostra mais uma vez que não possui nenhum controle emocional sobre si, torna a pôr pra fora sua propensão agressiva, espírito combativo e todo o seu desejo insaciável pela batalha quando chega a se arrepiar de tanto ódio diante do desaforo vivido. Hoozen então se dirige a Darla com rancor dizendo:

– Eu vou te fazer engolir cada palavra do que você disse.

Ela volta a manifestar novamente as suas energias, mas desta vez, totalmente impregnada de furor, expondo um pouco mais da sua verdadeira técnica de isometria muscular. Vemos o momento em que Hoozen é revitalizada por suas próprias forças, tonificando e enrijecendo amplamente a sua estrutura celular até se tornar uma mulher esculturalmente ainda mais avantajada e atlética, com nervos saltando à flor da pele e com um tipo de físico que só pode ser comparado e atribuído ao de uma aguerrida amazona. Estando agora em frenesi, ela persiste com as provocações dizendo:

– Se é o que você quer Darla, arrancarei a sua cabeça com prazer.

Vendo sua transformação e sabendo o que aconteceria, Yajima segura em seu antebraço tentando impedi-la e segurando com firmeza lhe diz:

– “Hoozen, não! Você sabe o que ela significa pra mim”.

Ao que bastante descontente, Hoozen o responde com ar de selvageria:

– Sinto muito, mas eu não vou pegar nada leve com ela depois do que fez a Toshio. Você precisa se decidir Yajima, se está comprometido conosco, ou não?

Ouvindo essas palavras, que mais lhe soaram como uma ameaça, Ryuuze com certo peso na consciência solta seu braço e de cabeça baixa vira as costas para aquela que possivelmente já amou um dia. Deixando-a com o coração partido. Ele havia feito a sua escolha, permitindo a fera partir ao seu encontro com voracidade, visando matá-la.

Hoozen então avança rapidamente ao encontro de sua adversária, ganhando terreno numa velocidade incrível. Mas quando já estava se achegando muito próximo a Darla, ela instintivamente nota pelo canto do olho que um ataque brutal vinha em sua direção.

Hoozen para e firma seus pés, fecha sua defesa com maestria ao mesmo tempo em que as pernas de Darla reagem inconscientemente, se afastando do ponto de detonação. Pega distraída apesar de suas próprias palavras em contrário, Hoozen é tomada pelas chamas púrpuras de Hiei numa colossal explosão, e muito além da força do repentino impacto, ela ainda teve de lutar contra à desfragmentação do ambiente ao seu redor.

As chamas não demoram muito a se dissipar, revelando que Hoozen assustadoramente não possuía mais do que alguns arranhões. A mulher era simplesmente um tanque. Mas podemos ver com clareza também que Hiei agora estava manifestando ainda mais energia através do seu Jagan.

E em tom provocativo ele lhes diz:
– “Vocês falam demais.”

Indignado com a situação, Yajima o questiona:
– Isto não é possível, como continua a manifestar essa força estando selado?

E a resposta vem do próprio Hiei, que lhe diz:

– Ainda não entendeu? O olho diabólico é um corpo estranho que foi implantado junto ao meu. Até certo ponto, ele possui sua própria individualidade e energia. Eu normalmente o uso para me ajudar a invocar e controlar as chamas negras. E caso você não saiba qual é a principal função dessas chamas, eu te digo: é aumentar a energia maligna de quem as invocou. Então, mesmo elas estando fora de controle agora, consegui ao meu modo contornar o seu maldito truque.

– Devo admitir que foi uma estratégia genial, não imaginei que ainda pudesse possuir este recurso. Ainda assim, a energia contida no Jagan é muito pequena, usada de tal maneira, logo desaparecerá. E quando isso acontecer, você não conseguirá invocar o poder das chamas de outro lugar por muito tempo. Então me diga, o que pensa que irá fazer?

– Ora essa, você não me conhece mesmo. Vou pôr tudo pra fora de uma vez!

Vendo seu oponente sobrepujar a dor ao emanar energias intensas mesmo ao custo de um grande sofrimento, Yajima muda totalmente de postura e empolgadamente lhe diz:

– Que interessante! Percebo que perdeu completamente o juízo. Pensei que lutava até agora para se manter vivo, mas pelo contrário, está disposto até a se matar se for para levar a gente contigo. Vamos lá, nos mostre o que você tem.

Neste momento, Hiei manifesta poderosamente tudo o que resta de sua energia de uma única vez, escurecendo totalmente os céus e fazendo o dia se tornar noite enquanto invoca dos confins do mundo das trevas o dragão de chamas mortais, gritando veementemente:

– EN SATSU KOKU RYU HA!

A força manifestada, porém, foi tão repentina e deveras descomunal que ao invés de invocar apenas um dragão de chamas mortais, ele sumonou logo foram dois de uma única vez, direcionando aos trancos e barrancos, quase que sem controle algum, cada um deles em direção aos seus inimigos.

A imagem belíssima e ao mesmo tempo aterrorizante da díade infernal serpenteando no ar, faz a respiração dos Mazokus por um momento ser interrompida, diante da tamanha surpresa que lhes deixa totalmente sem reação. Mas como seculares guerreiros tribais que eles são, rapidamente retomam o fôlego e fazem-no entender o quão fortes eles realmente são.

O primeiro a se livrar da descomunal criatura é Yajima, que muito rapidamente num salto, arregaça uma de suas mangas e expõe que em seu braço esquerdo, escondia quase uma dezena de olhos glaucos como aquele que outrora ofereceu a Darla e que ela carrega consigo para abrir portais. Usando a bizarra habilidade de um desses olhos, que por momentos brilha intensamente, ele com facilidade irrompe uma sinuosa abertura no espaço dimensional, interceptando com sutileza o avanço da ingente criatura.

O primeiro dragão de chamas mortais é inevitavelmente tragado pelo portal e enviado para longe dali, para uma outra dimensão, onde as profundezas de um obscuro oceano gélido envolvem-no e o acolhem, fazendo com que uma enxurrada d'água transborde através da abertura durante a sua passagem, e permitindo que Yajima saísse ileso, mas não sem um custo alto demais.

No momento em que o portal se fecha, vemos que mais um dos olhos costurados ao seu braço repete o mesmo processo. Juntando-se a outros seis olhos fechados que já haviam sido utilizados anteriormente e dos quais Hiei até agora não tinha conhecimento algum.

A próxima a ter de lidar com seu próprio dragão é Hoozen, que sem tantos recursos quanto seu colega de equipe, sendo ela uma guerreira mais crua, teve que se virar ao seu modo com a situação. Vendo o cadáver de Toshio ao seu lado, ela não demonstrou um pingo de remorso ou sentimento em descaradamente usá-lo como proteção, infundindo nele a sua energia para se defender do ataque; tratando seu corpo como a um escudo vivo, cuja citação só não lhe cai perfeitamente bem por que o mesmo já se encontrava falecido.

Protegida por sua poderosa energia, Hoozen fora devastadoramente atingida pelo ataque, cuja violência desmedida, dilacerou o corpo de Toshio, esfacelando-o e deixando-o primeiramente sem a pele e posteriormente expondo vários de seus dentes e ossos, sendo os mais visíveis deles os da costela esquerda. A cena em si foi horrenda e visceral.

Tendo logo depois então, o dragão já passado, ela ainda se mantinha de pé, com um imenso rastro de destruição se estendendo atrás de si até o horizonte. Vendo os restos de seu companheiro em carne viva, Hoozen fica contudo enojada e simplesmente o joga fora ao seu lado como se fosse um saco de lixo. Algo tão descaradamente diferente de seu fingido discurso anterior de preocupação.

Vendo aquilo, Darla pensa consigo mesma:

– Eu sabia! A desgraçada é fingida e desumana. Ela não dá a mínima para seus companheiros. Só queria mesmo era uma desculpa para lutar.

Agora, com o Jagan completamente esgotado e sem energias, os olhos que antes estavam sobre todo o corpo de Hiei começam a se fechar e a desaparecer. Seu braço direito estava parcialmente destruído e sentindo fortes dores, ele já quase não tinha forças para se manter de pé. Hiei já não podia mais contar com nada a não ser com a própria sorte, visto que seu melhor ataque havia sido inegavelmente inútil.

Precisando retomar o fôlego, e tentando ganhar tempo, Hiei questiona Yajima:
– Que droga de habilidade covarde é essa? Por que não me enfrenta feito homem?

Mas sem cair em suas provocações, Ryuuze o responde calmamente, dizendo:

– Cada um usa os recursos que tem. Confesso que essa habilidade, na verdade sequer é originalmente minha. Esta tira de couro que envolve meu braço eu esfolei de uma das criaturas dimensionais que servem aos Yaminades. E esta que cobre o meu olho direito, é a pele de um Uraotoko. Infelizmente, são recursos muito limitados, mas são mais do que suficientes para lidar com alguém como você.

Yajima ergue seu braço à frente mais uma vez e um dos olhos dispostos nele começa a brilhar. Mas neste momento ele é violentamente atingido pelo pedaço que resta da espada de Hiei, sendo esta cravada até a cana do seu osso sem dó nem piedade contra ele. A lâmina quebrada havia atingindo especificamente um daqueles olhos e com certo bom humor agora, Hiei zomba de seu oponente dizendo:

– Limitado é? Menos um. Restam dois.

Yajima agoniza enquanto extrai a lâmina quebrada e a joga para longe. Tremendamente irritado agora, ele lhe diz: – “Vai pagar muito caro por ter feito isto.”


Mas deixando ambos de lado por um instante, nos atemos por um momento ao que Hoozen estava fazendo, visto que ela olhava em todas as direções ao seu redor, procurando por sua adversária. E quando finalmente a encontrou, ela voltou as suas atenções fixamente para Darla.

Hoozen avança rapidamente em sua direção visando prosseguir com o combate que diferentemente de todas as demais batalhas, se mostra verdadeiramente brutal. Pois se tratam de duas lutadoras de peso que iniciam o combate em uma troca de socos rápidos, pesados e precisos, onde cada golpe desferido se parece mais com uma chicotada, contendo neles, porém, o peso de uma marreta.

Muito velozmente o combate se torna algo colossal. Hoozen então intensifica o ataque, o que força Darla a fechar sua defesa e firmar os seus pés no chão para aguentar a potência monumental dos golpes de sua inimiga, mas é ela quem tenta também se sobressair primeiro, aplicando um severo chute lateral contra o joelho de Hoozen, que se flexiona, lhe causando certo desequilíbrio. Darla então aproveita a brecha surgida para tentar golpear o queixo de sua adversária com um soco direto.

Mas de maneira insana, Hoozen antecipa seus movimentos e com as costas da mão, neutraliza o ataque executado com um sorriso medonho no rosto, desviando a rota do golpe para fora e lhe atingindo diretamente um soco fortíssimo bem no meio do peito. Que faz com que ela seja empurrada alguns metros para trás.

Darla percebe uma energia esverdeada nas mãos de Hoozen e logo em seguida sente seu peito queimar, como se tivesse sido destruída por dentro, mas logo que recobra o fôlego, volta a enfrentá-la ferozmente. Naquele momento, com seu abominável modo berserker, Hoozen possuía um tempo de reação muito mais aprimorado, mesmo lutando contra alguém tão rápida quanto Darla.

E essa superioridade de Hoozen por sua vez não demora muito a aparecer, pois ela está em frenesi, com picos de adrenalina altíssimos e demonstrando uma vontade indomável. Hoozen passa a golpear com ainda mais força e a receber diretamente também os poderosos ataques de Darla no meio dos peitos sem sequer tentar se esquivar, convidando sua adversária ao desafio e revidando todas as vezes com força cada um de seus golpes. Se mostrando naquele momento uma guerreira inabalável. O impacto dos golpes é de tal forma descomunal, que a cada novo ataque desferido por elas, cria pequenas ondas de dispersão de ar, que vão mudando a paisagem ao seu redor, destroçando pedras e rasgando o solo, que ao contrário das guerreiras não suporta o impacto causado pelas pancadas em seus corpos.

Com a certeza da vitória em suas mãos, Hoozen então começa a provocar:
– Vamos lá queridinha! Onde ficou toda aquela sua marra? Me derruba!

E após segurar mais um de seus socos com a mão esquerda, Hoozen esbofeteia o rosto de Darla com violência, lhe desferindo dois tapas com a mão direita que mais parecem duas batidas em tambores, visto que ecoam estrondosamente, soando como impiedosas chibatadas, repetindo em alto e bom tom as suas provocações:

– Vamos! Me derruba vadiazinha!

Darla recompõe sua postura e até tenta com todas as suas forças golpeá-la, acertando-a com um monumental soco no meio do rosto. O golpe que lhe atingiu em cheio até rompe o supercílio de sua oponente, mas altamente enleada nas altas doses de endorfina que correm por todo o seu corpo, Hoozen simplesmente ignora completamente a dor e a vista recoberta por sangue e apenas se enfurece ainda mais.

Naquela forma, ela mantém-se extasiada numa espécie de supressão da dor enquanto expõe ainda uma intensa histeria. E o que vemos a seguir, é uma sequência de golpes fulminantes proeminentes da doutrina Mazoku que são tão brutais que só poderiam ser comparados aos do popularmente conhecido Krav Magá.

Hoozen segura o pulso esquerdo de sua inimiga, realiza uma torção de braço e puxa Darla para perto de si, até que consiga distância suficiente para arrebentar um potente soco contra o ombro de sua adversária, incapacitando-a. Em seguida, ela afunda seu punho no tórax da garota, lhe tirando todo o ar e por fim, desfere uma brutal cotovelada contra seu rosto, estourando de uma vez por todas o seu nariz, que jorra um volumoso jato de sangue.

Darla cambaleia alguns metros para trás, e apesar do implacável golpe, ainda tenta se manter de pé. O sangue escorre pela sua face e se acumula em quantidade no chão. Visando suas mãos embebidas naquele líquido viscoso, ela pensa consigo mesma:

– Eu estava errada, a maldita é muito superior a mim. Ela está no auge, alcançou o ápice físico que o corpo de uma youkai pode chegar. E seu estado mental é assustador. Ou melhor, o que eu estou dizendo? Eu estou … com medo?! Não, eu tenho que revidar, ou estarei perdida.

Mas antes mesmo que se desse conta, Darla é rapidamente dominada por sua adversária mais uma vez, que atinge ambos os seus ouvidos com as palmas das mãos, pulverizando uma enorme pedra às suas costas e lhe deixando momentaneamente desorientada. E o forte golpe sofrido, permite ainda a Hoozen atingir severamente a sua garganta com o punho fechado, talvez quebrando a sua traqueia. Isto lhe impede de vez de respirar e em poucos instantes, a garota outrora tão intrépida e destemida, estava no chão, finalmente tombada sob o peso de sua própria arrogância.

Agora inconsciente, Darla não percebe a lenta aproximação de Hoozen que mediante um olhar sanguinário em sua face, deixava evidente que intentava matá-la. Aquela batalha havia chegado ao fim, Hoozen tinha se provado superior a ela em combate, mas sua sede de sangue ainda não estava satisfeita. Entretanto, no momento em que iria executá-la, Darla acaba sendo tragada por um portal no solo para longe dali.

Enfurecida com a afronta e por ter sido privada de seu maior júbilo, ela se vira bruscamente para Yajima buscando tirar satisfação. Como um animal, chega a grasnar expondo os dentes de tanto ódio e depois lhe diz:

– Yajima seu desgraçado! Devolva-me aquela vagabunda agora!
– Sinto muito, mas isto eu não vou deixar acontecer.

O corpo de Darla ressurge noutro ponto mais afastado do campo de batalha. Momentaneamente protegida e ocultada por alguns pilares de construção, ela se mantém viva, mas ainda inconsciente. Tremendamente irritada, Hoozen grasna novamente e se mostra rancorosa diante da frustração. Mas vendo Hiei como um novo alvo, ela lhe diz:

– Então que seja, mas agora é a minha vez de brincar com o nanico.

Yajima volta a tomar a palavra lhe alertando:
– Nós temos preocupações maiores agora, não percebeu?

Neste instante, surgem de vários pontos elevados no cenário destruído: Yusuke, Mukuro e Kurama. Todos eles os observando perigosamente. Mukuro se mostrava a mais assustadora, de olhar bem mais carregado que os outros. Estaria ela talvez, expondo algum sentimento ao ver Hiei naquele estado? Urameshi por sua vez se mostra pronto para a batalha, e ao ver as condições deploráveis de seus amigos lhes diz:

– Que arruaça é essa por aqui? Vocês são os tais Mazokus que viriam me caçar? Tão pensando que podem fazer o que bem quiserem com o Hiei é? Ele está com a gente, morou? E nós vamos fazer sola de sapato com a cara de vocês agora por causa disso.

No Makai, a batalha tomaria novos rumos. Mas enquanto isso, no mundo dos humanos, três amigas muito conhecidas visitavam a convalescente irmã de Kazuma, que ainda acamada, porém agora já em sua casa, aparentava em sua fisionomia uma notável melhora. Tratavam-se de Botan, Yukina e Keiko, que chegam para animar seu astral trazendo uma cesta de frutas frescas para ela como presente.

Vendo Shizuro sorrir, Botan já vai logo lhe dizendo:

– Que bom que já se sente melhor Shizuro. Você foi muito durona, passou por um grande trauma, mas olha só você, já se recuperou bem. Se fosse comigo, eu acho que estaria mortinha da silva.

– Obrigada Botan. Tendo o apoio de todas vocês não teria como ser diferente. Ainda mais agora que os rapazes estão viajando. Bom, menos o Kazuma né, que fica pulando pra lá e pra cá todo preocupado e com isso, acaba vindo aqui todos os dias.

– Humm, pois fique sabendo que todo mundo lá no Reikai anda comentando sobre ele. É a mais nova sensação do momento. Pois o seikouki é algo muito raro e especial, então já tem gente que está chamando ele até de anjo protetor.

– Há há, com o ego inflado que tem, ele com certeza, deve estar adorando isso.

Comenta Shizuro, enquanto as outras escondem os sorrisos com a palma das mãos, concordando enquanto acenam com suas cabeças. Bem, todas menos Keiko, que parece não ter ouvido uma única palavra do que elas disseram até agora. Sentada numa cadeira mais ao canto, abraçada à sua bolsa, ela estava apenas fitando o horizonte pela janela. Alheia a tudo, e imersa num mundinho só dela enquanto as outras tagarelam.

Percebendo que ela estava muito distraída, Shizuro então chama a sua atenção:
– Ei Keiko, fala alguma coisa menina. Tem alguma novidade pra nós? Tá estranha.

Por um instante Keiko parece voltar a si. Mas responde friamente:
– Não tenho não, só estou um pouco cansada.

Percebendo algo no ar e com cara de quem sabe alguma coisa, Shizuro insiste:

– Tem certeza que não tem nada nessa bolsa que queira nos mostrar? Você está abraçada a ela do mesmo jeito que fazia com o Puu antigamente.

– Ai Shizuro, me deixa vai. Eu hein, não deixa passar uma. Já disse que não é nada demais.

Desconcertada e transparecendo irritação, Keiko não parece pronta para falar sobre o que está se passando com ninguém, e trêmula, deixa sua bolsa cair ao chão. Seu conteúdo se espalha e Botan acompanhada de Yukina ajudam-na a recolher os seus pertences. É quando muito envergonhada ela lhes diz:

– Obrigada, meninas.

Ainda mais desconfiada agora, Shizuro inclina-se para frente na cama e força um pouco mais a barra enquanto insiste dizendo:

– Você está bem mesmo Keiko? Não há nada de errado? Nós somos suas amigas e você está segura conosco. Desembucha vai, e não adianta negar pois agora que estou prestando mais atenção, até consigo sentir que tem algo diferente em você. E olha que eu tenho um sexto sentido para essas coisas.

Sentindo-se acuada, com as mãos tremendo e certo nervosismo expresso em seu rosto, Keiko percebe no puro e doce olhar de Yukina que não precisava ter receio algum. Visto ainda que está lhes causando preocupação, ela então as resolve dizer:

– Olha, eu estou bem sim, de verdade, então não se preocupem. Mas … realmente escondi uma coisa de vocês. É que eu não queria falar nada antes do Yusuke voltar. Mas como vocês são muito insistentes, bem … o Yusuke e eu, nós … nós vamos ter um bebê!

Enquanto diversos olhos se arregalam e as bochechas de Yukina coram, Botan simplesmente desmaia, caindo de uma trombada já no primeiro solavanco que a irmã de Kazuma lhe dá ao saltar da cama e correr para abraçar Keiko. Nenhuma delas estava preparada para aquela maravilhosa revelação, que traria uma imensa felicidade a todos neste confuso mar de incertezas.

E agora de volta ao mundo das trevas, vemos o momento em que Yusuke comicamente espirra mesmo estando diante de seus inimigos, como se isso de algum modo, tivesse relação com o ocorrido que se deu tão longe dali.

Cercados, e observando com seriedade a chegada deles, porém, Yajima se apressa a dizer a Hoozen:

– Mudança de planos, o nosso objetivo está aqui, e infelizmente ele veio acompanhado de uma youkai potencialmente perigosa e terrivelmente desagradável.

Vendo a seriedade da situação, Hoozen o questiona:
– Tss, que droga. Aquela é a tão famigerada Mukuro?

– Creio que sim. Não consegue sentir seu poder? Escuta, eu preciso que você os distraia enquanto eu cuido dos preparativos. Não levará mais do que um minuto.

Com certa tensão agora, ela lhe diz:
– Ok, mas seja rápido. Se ela for tudo o que dizem, posso ter problemas.

Vendo até mesmo Hoozen gelar diante daquela situação, Yajima pensa consigo mesmo: – “É impressionante, até essa sociopata entende o risco que estamos passando.”

Mas contrariando suas expectativas, e novamente estampando um escancarado sorriso psicótico em seu rosto, Hoozen sai em disparada correndo pelo campo de batalha de peito aberto em direção a Mukuro. Mas estratégico como sempre e já tentando frustrar quaisquer que sejam os seus planos, Kurama num salto se põe à frente dela de antemão.

Hoozen por sua vez simplesmente o ignora e lhe passa por cima, após golpeá-lo com brutalidade com apenas uma de suas mãos, arremessando-o como a um boneco para trás, de volta por onde veio. Era como se Kurama tivesse sido atropelado por um caminhão.

O avanço de Hoozen, todavia, é finalmente impedido por um duro golpe de Mukuro, que mediante um soco aéreo violento, força Hoozen a cruzar os dois braços fechando a sua defesa num bloqueio perfeito. Ela é empurrada para trás e firma seus pés buscando apoio, permanecendo assim por alguns segundos enquanto sofre uma chuva de ataques daquela que já foi considerada uma rainha no mundo das trevas.

Yusuke agora, botando banca com a cena então lhes diz:
– Tu realmente pensou que a gente não ia reagir, ô caolho?

Mas terminados os preparativos, Yagami estende e coloca dois dedos de sua mão esquerda sobre o tecido de pele de Uraotoko que lhe cobre o olho direito enquanto pronuncia uma espécie de abjuração, apontando em seguida o dedo indicador para Yusuke, enquanto neste exato instante lhe diz:

– Técnica de banimento – Prisão dimensional!

E daquele momento em diante, o destino de Yusuke estava selado. Pois o chão simplesmente desaparece embaixo de seus pés sem que ele o perceba, sendo Urameshi inesperadamente tragado para uma outra dimensão sem que pudesse conceber sequer a mínima reação.

Vendo que Yusuke havia sido tão facilmente capturado, Mukuro reage rapidamente e se desvencilha de Hoozen, correndo em sua direção, para tentar resgatá-lo. Mas Yajima de longe, junta as suas mãos concentrando toda a sua energia enquanto grita:

– Você não!

Diante dela então, surge então uma poderosa barreira dourada em forma de mandala que poderia apropriadamente ser chamada de inquebrável, se não estivesse ela diante de uma das maiores forças que existe no mundo das trevas. Mukuro fica séria, acelera os passos de seu avanço e se lança num salto enquanto concentra energias poderosas em suas mãos. Ela então despedaça a barreira mágica num único soco e atravessa facilmente seu escudo impenetrável, mergulhando em seguida no portal antes que o mesmo se feche.

Surpreso com tudo aquilo e involuntariamente tremendo diante do poder daquela medonha criatura, Yajima diz para si próprio num sussurro:

– Que mulher implacável e espantosamente poderosa! Passou pela minha mais resistente barreira como se ela nem estivesse ali. Mas tudo bem, isso não importa, ela ficará enclausurada em minha prisão dimensional com ele até que eu os leve a ter com Uragami. Ele saberá melhor o que fazer.

Confiante de que tudo havia chegado ao fim, e se achegando agora para mais perto de Hoozen, Yajima retira de suas mangas um cordão com mais um daqueles olhos que lhes permitem viajar longas distâncias pelo Makai. Se dirigindo a ela, ele então lhe diz:

– Vamos embora Hoozen, o nosso trabalho aqui já está concluído. O filho de Raizen foi capturado e está sob a minha custódia. Vamos reportar tudo a Uragami.

Mas arrancando com brutalidade o cordão de suas mãos, Hoozen agressivamente lhe diz: 

– “Não! Nós não vamos a lugar algum. Não até que eu tenha matado cada um desses desgraçados.”

Vendo que Hoozen estava possessa e fora de si, Yajima se afasta até perceber que Hiei também estava de pé atrás dele, a apenas alguns metros de distância. Mais descansado agora, ele tinha um olhar vívido e transparecia a intenção de lutar. Estava claro de que ele também não o deixaria sair dali.

Mais à frente, na direção oposta, Yajima percebe o momento em que Kurama também se levanta, retira algumas sementes de seu bolso e se prepara para o combate, entendendo que aquela batalha não havia chegado ao fim. Pelo contrário, ela estava muito longe de acabar.

Kurama então é o primeiro a se movimentar, ele induz sua energia e arremessa suas sementes na areia calcificada pelas chamas mortais e espera alguns segundos até que a terra comece a tremer, sendo tomada não por numerosas raízes, Mas sim, pelo crescimento de corpos vegetais de formato tubular, translúcidos e cheios de padrões, que ganham a luz do sol e se estendem serpenteando por algumas dezenas de metros de altura, possuindo ainda folhas bifurcadas em suas extremidades que lhes davam uma aparência muito semelhante à da língua das cobras. Logo, uma série de criaturas orgânicas e vegetais advindas das trevas tomavam o campo de batalha.

Surpreso, Yajima é o primeiro a questionar a ele:
– Que monstruosidades são essas?

Ao que Kurama lhe responde prontamente:

– O lírio serpente é uma das minhas criaturas vegetais. No mundo dos humanos, eles tem a darlingtonia californica, uma planta igualmente carnívora, porém inofensiva. Mas a sua versão do mundo das trevas está, sem dúvidas, entre as mais perigosas.

E antes mesmo que terminasse de falar, as criaturas vegetais se lançaram contra Hoozen e Yajima, tentando devorá-los ferozmente. Eles se esquivam como podem e Hoozen parte para cima delas desferindo seu contra-ataque, inclusive despedaçando uma delas com um soco violento, mas se vendo no mesmo instante surpresa, pois o que ela não esperava, é que o corpo da monstruosidade orgânica estivesse repleto de ácido.

Hoozen queima gravemente seu braço e se afasta, gritando para Yajima:
– Não chegue muito perto deles! O fluido digestivo é altamente perigoso.

Mas o que Hoozen não esperava é que o Lírio serpente ejetasse alguns litros dessa substância à distância, em direção a Yajima, como se fosse o veneno de uma Naja. Muito agilmente, ele consegue se esquivar por pouco, se escondendo atrás de uma das pilastras de uma construção demolida e vê o momento em que o ácido se espalha perigosamente pelas paredes e pelo chão, corroendo tudo o que estava em seu caminho, inclusive desgastando as rochas.

Muito seguro de que havia escapado, ele sai de seu esconderijo e começa a caminhar entre os vapores tóxicos exalados pelo fluido digestivo, mas não consegue dar mais do que alguns passos até começar a cambalear, sentindo uma vertigem forte e seus membros formigarem e adormecerem.

Confuso, ele se questiona:
– O que está acontecendo? Eu fui … envenenado?

Ao que Kurama lhe responde:

– Como eu disse, essas são plantas bem perigosas. Os vapores exalados e que agora tomam conta do campo de batalha, possuem um efeito anestésico e em demasia, até paralisante. O gás parece não ter muito efeito na sua amiga, que pelos olhos vidrados, deve estar tomada por uma intensa infusão de adrenalina. Mas isso com certeza, é o suficiente para deter você.

Vendo a situação de seu adversário, Hiei sorri e corre ao seu encontro, visando matá-lo. Ele estende sua mão esquerda como se fosse atravessar o braço contra o peito dele, mas percebendo suas intenções, Kurama resolve interceptá-lo no exato instante em que iria atingir seu alvo.

Vendo que escapou por um tris, e entendendo a situação, Yajima sorri e se afasta num salto para trás. Confuso e irritado com a atitude traidora de Kurama, Hiei o questiona:

– O que está fazendo Kurama? Eu finalmente o tinha nas minhas mãos.

Mas tentando acalmar seus nervos ele o explica:

– Me desculpe Hiei, Mas você não pode matá-lo. Não ainda. Nós não sabemos para onde ele mandou o Yusuke. Se o fizer, podemos nunca mais tornar a vê-lo.

Frustrado, e entendendo a situação agora, Hiei replica:
– Mas que droga!

– Não se preocupe, eu vou arrancar isso dele. Só que antes disso, me diga, como estão os seus ferimentos Hiei? Ainda consegue lutar?

– O meu braço direito já era, acho que não vou conseguir usar ele por um bom tempo, mas ainda sou capaz de derrubar um desses otários. Bom, talvez não aquele desgraçado ali, ele é cheio de truques, é melhor tomar cuidado. Ele conteve o meu dragão e selou a minha energia.

Analisando os fatos, Kurama retira do bolso um pequeno extrato de ervas enrolado numa folha e entrega a Hiei dizendo:

– Coma isto, é feito de uma planta com potentes efeitos medicinais. Vai deixar você bem melhor e te proteger contra os efeitos nocivos do lírio serpente. Além disso, o que me diz de a gente fazer uma troca de adversários? Acho que ela faz mais o seu estilo.

Hiei põe o extrato na boca e apenas lhe sorri em confirmação, os dois ficam de costas um para o outro e se preparam mais uma vez para seguirem com a batalha.

Enquanto isso, mergulhados em outra dimensão, Yusuke e Mukuro não param de cair numa vastidão sem fim. Abaixo, o abismo dimensional não parecia ilimitado e ao seu redor, distorções reflexivas como as de um espelho surgiam entre o movimento de inúmeras mandalas que incontestavelmente abusavam de todo o espectro de cores.

Gritando, Yusuke se dirige a outrora rainha do mundo das trevas dizendo:

– Ahhhh! O que vamos fazer Mukuro? Este lugar parece não ter uma saída e já está me deixando louco!

Vendo que era a única capaz de tirá-los dali, Mukuro o responde:
– Não se preocupe, eu vou dar um jeito nisso agora.

Em seguida, ela gira o corpo em pleno ar e desfere para baixo um golpe preciso e colossal, tão diferente daqueles seus sutis ataques que antes já eram capazes de cortar dimensões, aqui ela cria um efeito puramente devastador e abrupto, que simplesmente rasga todo o tecido dimensional daquele mundo irrompendo numa iluminada escapatória.

Na cidade de Julon, vemos Yajima parar de repente o que fazia quando a pele do Uraotoko que cobre seu rosto é retalhada inesperadamente em vários pedacinhos, ferindo juntamente seu olho, que é coberto por sangue. Ele então agoniza e cobre o ferimento com a mão direita, tentando estancar o sangramento e pensa consigo mesmo o que poderia ter acontecido.

Naquele momento, ele não sabia exatamente o que teria causado aquela sensação, mas podia ter uma ideia. Ele só não poderia deixar transparecer que Yusuke havia escapado de sua prisão dimensional a nenhum deles, ou perderia uma de suas maiores vantagens naquele combate.

Já do lado de fora, e de volta ao mundo das trevas, Yusuke comemora e parabeniza Mukuro pela sublime escapatória. Mas essa alegria momentânea infelizmente logo desaparece quando eles se veem completamente perdidos, cercados por um cálido e assustadoramente vasto deserto que fica bem no meio de lugar algum. De onde já não era mais possível dizer para que direção ficava a cidade de Julon.

Eles estavam literalmente no meio do nada. E isso poderia ser em qualquer lugar do mundo das trevas. Talvez, a milhões de quilômetros da cidade de Julon.

Fim do episódio.

Eu não conheci o outro mundo por querer!
Eu sei que meu coração, agora dói ...

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